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sexta-feira, 10 de março de 2017

Eu aprendi

Ainda recem nascida eu aprendi uma coisa... aprendi que se eu precisasse de alguma coisa era só chorar que logo vinha alguém para me amparar... mas a necessidade de ser mais específica quando precisava de ajuda fez com que logo eu também aprendesse a falar algumas coisas... Depois vi que nem sempre se eu falar ou chorar vou conseguir suprir minhas necessidades, então resolvi andar, caminhar com minhas próprias pernas...

O tempo foi passando e eu fui aprendendo cada vez mais coisas... e quando tinha uns 6 anos meus pais me colocaram na escola, dizendo que eu tinha que aprender muitas coisas ainda, e que a escola é o lugar de aprender, a professora seria a pessoa a me ensinar tudo o que eu precisava.

Já na escola, aprendi que existiam muitas e muitas crianças como eu, e que dentro de uma sala de aula havia apenas uma mulher que era "gente grande", e que ela sabia tanta coisa... sabia coisas que ninguém mais ali naquela sala sabia...
Ela sabia segurar um livro do lado certinho...
Sabia segurar o lápis sem forçar a mão, sabia falar várias palavras diferentes, sabia escrever na lousa usando giz, sabia até escrever com caneta vermelha e fazer estrelinha nos nossos cadernos.

E tudo isso fez com que eu e todas as outras crianças também sentíssemos a necessidade de aprender aquilo tudo... era tão bonito o jeito que ela fazia a estrelinha rapidinho de caneta vermelha...

E a cada ano que passava eu conhecia uma professora diferente, algumas tinham um jeito de ser boazinhas, outras um jeito se ser mais bravas, mas de qualquer modo todas elas tinham algo que chamava a atenção, e faziam surgir a necessidade de aprender mais uma coisa que eu ainda não sabia.

Foi assim até eu terminar a 4ª série. Confesso que fiquei com um pouquinho de medo de ir para a 5ª série, porque a professora disse que não seria apenas uma professora... seria um professor para cada matéria, mas também fique ansiosa para saber como seria. Já não me sentia mais tão criança...

E já em outra escola foi o que aconteceu... Aprendi mais algumas coisas:
- Homens também dão aula;
- Biologia é difícil, mas a professora é bem legal;
- Educação física e recreio era quase a mesma coisa;
- Não é mais recreio que se fala, é "intervalo";
- A sala dos professores era um lugar que eu ainda queria conhecer;
- O professor de História sabia de todas as coisas;
- Matemática é mais legal que Português;
- My name is Doris;

Bom, essas foram algumas das inúmeras coisas que aprendi na escola, mas a mais importante de todas era que todo professor sabia de muitas coisas que eu nem imaginava saber... Os professores eram muito inteligentes...

Quando chegou o momento de ingressar no ensino médio aprendi que algumas matérias chamavam mais minha atenção do que outras, não por causa dos professores, mas porque tinha minha identidade, meu temperamento, mas apesar de não me identificar com as outras matérias todas eram importantes para que eu fosse uma boa profissional no futuro. Todas as aulas eram legais porque existia uma pessoa nos ensinando, uma ser humano que sabia muito mais coisas do que eu.

Outros professores passaram na minha vida, outras histórias eu ouvi... passei a gostar mais das matérias que não gostava antes... passei a me preocupar mais com os nomes difíceis das aulas de Química do que com as fórmulas das aulas de Matemática... Passei a gostar de Biologia e a amar Português... E fui aprendendo, aprendendo, aprendendo...

E com tudo que aprendi descobri uma coisa... não dava para eu fazer a faculdade que eu queria fazer no momento que terminei o ensino médio... Tive que aprender outra coisa: A pensar no que poderia substituir a minha vontade de fazer faculdade de música. Escolhi ingressar na Faculdade de Pedagogia.

Na verdade eu nem sabia muito bem o que era Pedagogia, mas quando fiquei sabendo do que se tratava o curso aprendi outra coisa: Era muito interessante.

Aprendi a conviver em outra rotina... professores diferentes, colegas de idades diferentes, aprendi que um caderno poderia durar muito tempo...

Aprendi a gostar muito mais de "ensinar a fazer" do que simplesmente "fazer".
Aprendi que educar é a mais bela de todas as artes. Aprendi que educar é como compor uma música nova a cada dia. Aprendi que a mente humana é a mais magnifica de todas as máquinas. Aprendi a admirar muito mais os professores do que um artista de novela. Aprendi que apresentar um TCC é como ganhar uma final de copa do mundo. Aprendi a compreender melhor o que os meus ex professores significaram na minha vida, e tive vontade de voltar no tempo pra mudar minhas atitudes como aluna. Aprendi que quero aprender mais. Aprendi que quero ser uma mistura do que foram meus ex professores.

OBS: Texto escrito em 15 de outubro de 2010, por mim, ainda recém formada em pedagogia, sem nem imaginar o quanto eu mesma me deixaria emocionada ao ler isso tudo, 7 anos depois, num momento tão especial, o momento em que as duas Dóris se encontram... a Dóris de hoje, que já é professora, que faz o que ama, que dá aulas de música para as crianças, que já é mais conhecida como tia Dóris, que tem uma linda filhinha e um casamento abençoado, e que está na véspera de iniciar o Mestrado em Educação... e a Dóris de ontem, uma menininha, sonhadora, encantadora, doce, que escreve tão bonitinho que a Dóris de hoje ficou até com invejinha...rsrs... a verdade é que a Dóris de ontem ficaria muito feliz em saber o quanto a Dóris de hoje se orgulha dela... fiquei perdida nas minhas emoções e imensamente feliz em saber o quanto me encontrei!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Instrumento


Amar a música não é simples e nem tão comum quanto parece ser.
Muita gente acredita e afirma um amor pela música. Pode ser aquele amor por uma música específica, como um tema de novela que faz lembrar um momento de nossa vida, ou uma canção da infância, etc.

Há também aquele amor pela música restringindo-se a esse amor apenas um estilo musical, como por exemplo os amantes de heavy metal, ou os amantes do sertanejo. mas existe um amor que, tenho pra mim, é incondicional, é incontrolável, insaciável e inevitável. Um amor que não precisa ser assumidamente escancarado. Um amor geral pela música.

Talvez aquele amor que não pensa música como uma ciência exata, nem como algo material e físico como um disco de determinado artista ou o som de um instrumento específico. Música é mais que isso.

Como explicar um compositor genial ser surdo? Como conceber a idéia de conseguir tocar sem as mãos? Como acreditar na hipótese de pessoas se curarem de síndromes e doenças por meio da música, ou de terapias que utilizem música como principal ingrediente de sucesso na recuperação de pacientes?

Somente um amor muito intenso para convencer milhares de pessoas de que vale a pena uma preocupação com afinações de notas e acordes, com o cumprimento certo dos valores de semínimas, colcheias e semicolcheias, com dinâmicas e articulações, etc.
Um grande amor que contagia a todos. Motiva a vida de muitos músicos apaixonados pelo ofício. Transforma vidas, não apenas de quem ouve, mas talvez principalmente de quem faz música. De quem faz músicos.

Amar a música talvez seja como amar a Deus, pois não é um amor ciumento, do qual queremos senti-lo com exclusividade. Quem ama a música geralmente se esforça para que outras pessoas a amem o tanto quanto.

Que os amantes da música, assim como eu, a amem cada vez mais e que contagiem esse amor como uma abelha polinizadora. Sejamos como as abelhas. Espalhemos o pólen da música por onde passarmos e assim, favoreceremos para que novos jardins se encham de perfumes e cores, também nosso mel será mais puro e saboroso.

Senhor, faz de mim
instrumento de tua música
Onde há silêncio
que eu leve o si.
Onde houver dor
que eu leve o dó.
Onde há a lágrima
que eu leve o lá.
E onde houver trevas
que eu leve o sol. ( Poema de Carlos Brandão: "Musicar" 2005. SP )

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O tempo perguntou pro tempo: Quanto tempo o tempo tem?


É...
Hoje por acaso resolvi fazer uma visitinha em meu próprio blog e me dei conta que a última postagem que fiz foi no dia 3 de Fevereiro deste ano... o dia que provavelmente eu nunca irei esquecer, pois este dia marca o início de uma nova fase em minha vida.

Uma fase de ter cada vez mais certo que eu nunca quero parar de aprender, pois me tornei professora, e com isso estou a cada dia adquirindo mais aprendizagens.

Percebi que o tempo passou... e eu nem percebi que não abro este blog há um bom tempo...

O tempo é uma palavrinha frequente nas reclamações diárias das pessoas, podem reparar... muitos dizem não ter tempo para nada, ou que o tempo não passa até que chegue a sexta feira, ou que não vêem a hora de tirar férias, etc...

Nessa aproximação do fim de ano, parei para pensar a respeito do tempo que se passou, do que eu fiz nesse tempo e do que eu não fiz, seja por falta de tempo ou por mal aproveitamento do mesmo, e constatei que o tempo não passou tão rápido, o tempo soube nos dar as oportunidades de fazer aquilo que era realmente necessário, por esse motivo temos a impressão que o tempo voou, mas na verdade fomos nós que voamos no tempo, porque realmente fizemos coisas necessárias, importantes e que se solidificarão.

Se você sentiu que não teve tempo pra fazer alguma coisa, é porque certamente estava fazendo outra que julgou ter prioridade em relação a outras tantas coisas que poderia ter feito.

Lembro-me que na virada deste ano fiz um pequeno planejamento do tempo que teria até chegar o fim do ano novamente, mas... felizmente não tive tempo suficiente para fazer o que planejei. Digo felizmente porque isso é algo muito bom! Eu havia planejado escrever neste blog pelo menos quinzenalmente, mas priorizei escrever os trabalhos da minha pós graduação, bem como ler os diversos autores que compõem os módulos do curso.

Havia planejado voltar a estudar saxofone, flauta transversal e harmonia, mas priorizei outra Harmonia... a escola em que sou professora efetiva do ensino fundamental na cidade de Igaratá. ( EMEIF Rural Bairro Harmonia)

Outro tópico que fez parte do meu planejamento era enviar currículos e projetos para educação musical, mas não foi possível pois me dediquei a trabalhar como professora de música nas escolas do município de Igaratá, e na Orquestra Jovem de Jacareí.

Enfim... priorizar é o fundamental.

Não se preocupem com o que os outros pedem para que você priorize. Priorize o que você considerar melhor, e os outros certamente reconhecerão que suas prioridades foram muito mais importantes do que qualquer outra coisa, pois o que se prioriza, é feito com mais amor, e o que é feito com amor é reconhecido.

Mas lembre que o tempo para que algo seja reconhecido não somos nós que escolhemos, é o tempo que sabe ao certo quanto tempo o tempo tem.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Hino à Cidadania


Oh Pátria amada e idolatrada
Salve, salve essa gente
Que teve a casa inundada
E hoje vive como indigente

Que às margens plácidas
Seus lixos despejaram
E com mentalidade flácida
Não se conscientizaram

Povo que não é heróico
Mas tem o brado retumbante
Não querem cumprir seus deveres
Mas exigem seus direitos num instante

Só querem que o sol da liberdade
Com seus raios fúlgidos não deixe de brilhar
Mas na hora de melhorar nossa cidade
Sempre dão um jeito de escapar

Brasil de um sonho intenso:
Que o nosso céu risonho e límpido um dia
Cubra esse país lindo e imenso
De um povo que faz cidadania.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Maicrossófiti ...


Com puta dor de cabeça
computador nos olhos
com puta dor de dente
computador na mente

Com puta dor de ouvido
com puta dor de barriga
computador quando acordo
computador de bordo


Com puta dor de estômago
com puta dor nos pés
com puta dor nas costas
computador de bosta

Computador nos quartos
computador nos matos
computador na vida
com puta dor na lida




Computador no trabalho
com puta dor nas cadeiras
computador de empresário
computador nas cadeias

Com puta dor de pobre
computador de rico
Se com puta dor estou
Com puta dor eu fico!!!

Texto retirado dos entulhos de achados e perdidos nos meus armários... Devo ter escrito isso quando tinha uns 14 anos... Foi legal reler algo que eu escrevi em outro contexto da minha vida, mas que se parece mais com uma premonição para os dias de hoje..

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sacializando alguns causos...


Dona Laurinda estava preparando o leite para suas filhas tomarem antes de dormir. Dirigiu-se ao fogão com a caneca cheia de leite, colocando-a em fogo baixo para não levantar fervura. Enquanto esperava o leite esquentar escutou um barulho de panela batendo e caindo da prateleira que estava bem atrás dela... olhou pras panelas no chão, resmungou alguma coisa enquanto arrumava tudo novamente na prateleira... Sem perceber o leite estava quase transbordando da caneca... Desligou o fogo, colocou bastante açúcar, pois suas filhas gostavam de leite bem docinho.

Quando as meninas tomaram o leitinho a reclamação começou...

__Mãe, o leite tá ruim... (disse a mais velha.)
__ Larga de frescura menina, o leite tá gostoso sim, eu acabei de fazer! (rebateu a mãe)
__ Não mãe, tá ruim de verdade... (resmungou a mais nova)
__ Ai ai ai... deixa eu provar esse leite aqui, vou mostrar que ele não tá ruim!!

Foi então que Dona Laurinda bebeu um gole do leite de uma das filhas... fez uma careta e deu logo um grito:

__ Ai... mas eu pego esse danado desse Saci que trocou o açúcar pelo sal...!!!


Muitos de nós já devemos ter ouvido essa singela historinha de Saci, talvez com outros personagens, com outro contexto, por nossas avós, mãe, pai, tios, vizinhos...
O que importa é que o Saci sempre esteve presente para explicar o inexplicável... para levar a culpa de suas travessuras que ninguém consegue ver... ou as vezes consegue!

O Saci é muito mais que uma lenda, é também um brasileiro como todos nós, ou talvez seja ele o símbolo do moleque bagunceiro que há em cada um de nós.

Outro dia assisti a um vídeo que falava sobre o Saci, e ouvi uma história sobre como o negrinho de uma perna só nasceu.

A história conta que o Saci era filho de uma escrava com um coronel muito bravo que não queria que sua mulher descobrisse o filho bastardo. Foi então que o Coronel prometeu matar o filho da negra assim que nascesse. E para matá-lo resolveu que iria cortar uma perna do menino e jogá-lo no mato.

Aconteceu que no dia do nascimento do moleque todos viram que ele já havia nascido com uma só perna... O Coronel ficou furioso, mas mesmo assim levou o menino para o matagal e o deixou debaixo de uma árvore. Saci foi um menino criado livre, sem limites para sua liberdade, por isso gosta tanto de fazer travessuras e se diverte com as bagunças que apronta.

É... como o Saci nasceu na verdade não importa... o que importa mesmo é mantê-lo vivo para sempre! Deixando ele brincar à vontade, com a inocência de uma eterna criança travessa, com a liberdade de um ilustre brasileiro.

Para isso, é só continuar Sacializando uns causos de Saci... conte histórias de Saci pra criançada, procure conhecer mais histórias desse perneta sapeca...
Você vai ver que anda sempre por aí... Um dia a gente ainda tira uma foto desse Saci... ah se tira!!!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Óh... e agora, quem poderá nos defender???


O que será que aconteceu com estas eleições?... No primeiro turno parecia que estava indo tão bem... As campanhas, as propostas, os debates, as entrevistas... tudo vinha demonstrando que o povo brasileiro e seus representantes escolhidos para disputar as eleições estavam com o foco de suas atenções inteiramente voltadas em trabalhar por um Brasil mais justo, mais sustentável, com mais igualdade social, mais desenvolvido, mais preocupado com a população e etc.

Isso que falo dedica-se a todos os candidatos que apareciam nas pesquisas. Todos.

Mas... o que aconteceu? Porque o segundo turno mudou tanto? As campanhas, as propostas, os debates, as entrevistas... o foco dos candidatos parece ter se voltado um para o outro. Ao inverso do que aconteceu no primeiro turno, estamos nos preocupando mais em quem fala mais verdades, quem fala mais mentiras, quem é a favor disso, contra aquilo, quem privatizou o quê, quem favoreceu quem...

Minha pergunta é: E o Brasil??? Esqueceram do Brasil... ou melhor... esqueceram do Brasil do futuro para lembrarem-se do Brasil do passado.

Passado de privatizações de uns... passado de mensalão de outros... Mas todos são passados.

Tenho as vezes a impressão de que de nada adiantou tanto debate no primeiro turno. Tantas discussões sobre temas de verdadeira importância para o Brasil do futuro como, sustentabilidade, geração de empregos, melhorias na educação, saúde...

Até as conversas entre nós eleitores. Antes falávamos sobre qual seria o melhor modelo de gestão para o Brasil, agora falamos sobre quem é verdadeiro ou não, quem mentiu mais na sua vida política.

A verdade é que o dilema destas eleições estão mais parecidos com os dilemas da novela das 8... Quem matou o Saulo??? Quem vai ficar com o Totó??? Quem vai ganhar??? Dilma ou Serra???

O que me preocupa é que com essas histórinhas de novela, um dia poderemos pensar que os políticos também são atores e na verdade tudo aquilo que eles vivem não passa de uma obra de ficção. Democracia??? que nada... é disputa ao Óscar.

E agora... Quem poderá nos defender???