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sábado, 31 de julho de 2010

Criatividade musical


O que é criatividade? O que é ser criativo?
A capacidade de criar, de inventar, de modificar, de transformar e várias outras respostas serão dadas.
Podemos dizer então que toda atitude criativa é bem feita?
Eu não concordo plenamente com isto.
Vou dar como exemplo a música, por se tratar de algo artístico e que é geralmente traduzida como expressão de criatividade.
Em nosso país existem muitos apreciadores de jazz, bossa nova, samba, blues, que são talvez os gêneros musicais mais tocados publicamente ao vivo em bares, restaurantes, casas de shows e espetáculos, e todos nós sabemos da qualidade dessas músicas, suas melodias, suas letras poéticas, suas importâncias históricas, etc.
Geralmente interpretadas por grandes músicos, que dedicaram boa parte de suas vidas para o estudo das ideias de fraseados que cada gênero possui, para adquirirem a capacidade de improvisar: o maior sonho de consumo de todo instrumentista. O ponto alto de seus estudos. A improvisação é a maior prova da criatividade adquirida com anos de dedicação em estudos diversos, para um dia poder tocar uma melodia de três compassos e improvisar com muita criatividade sobre os acordes de uma música, repetindo a harmonia quantas vezes for necessário.
Eu como instrumentista também espero um dia ter capacidade de improvisar com perfeição todas as músicas que eu quiser, e já venho dedicando meus estudos para isso, mas creio em uma coisa que para mim é fundamental: A música vem em primeiro lugar.

Tocar uma música reconhecendo que é uma música, não apenas uma sequência de notas dispostas logicamente formando uma sonoridade agradável ao ouvido humano.
Quando ouço músicas de Tom Jobim como "Samba de uma nota só", ou "Desafinado" percebo que há uma junção perfeita entre letra, melodia, harmonia, andamento, timbre dos instrumentos... então a própria improvisação deve obedecer o que a música nos diz, um artista deve improvisar como se fosse uma extensão da música, pois o compositor é o criador, portanto nenhuma criatividade deve se opor à criatividade de quem compôs a música.
Bom, é claro que isso ao meu ver das coisas... Não sou uma improvisadora para dizer como improvisadora, mas sou apreciadora, e digo como quem não gosta de ouvir uma improvisação que não condiz com nada, uma improvisação apenas de notas, aliás muitas notas, colocadas sem sentido musical, mas com sentido de estudo de improvisação.
A credito que o ideal seja pensar em um contexto antes de expressar a criatividade em notas que somem no ar, como se jamais existissem.